Abertura: O Bombardeio e a Perda
O filme se inicia em plena Segunda Guerra Mundial, no Japão, durante os pesados bombardeios de Kobe. Um trem é atacado por bombardeiros inimigos, e durante a fuga, vemos Seita, um garoto de 14 anos, sozinho em meio à destruição e ao caos. Ele carrega sua irmã mais nova, Setsuko, de quatro anos, que ficou órfã de mãe e pai devido aos ataques aéreos. A devastação e a fome mostram imediatamente o impacto brutal da guerra sobre os civis, especialmente as crianças, estabelecendo o tom trágico e realista do filme.
A Busca por Abrigo e a Luta pela Sobrevivência
Seita e Setsuko buscam abrigo em casas destruídas, tentando sobreviver em meio a cidades em ruínas e à escassez de alimentos. Eles enfrentam a hostilidade do mundo adulto, a indiferença de vizinhos e a brutalidade da guerra, que lhes rouba tudo. Cada cena mostra pequenos detalhes do sofrimento infantil, desde a dificuldade em encontrar água potável até a luta contra doenças provocadas pela fome.
Em um momento crucial, Seita tenta buscar ajuda de parentes distantes, mas a avó deles está distante, doente ou incapaz de acolhê-los. Ele percebe que a responsabilidade pela sobrevivência de Setsuko recai inteiramente sobre ele, intensificando seu amadurecimento forçado e a pressão emocional.
O Abrigo Abandonado e a Solidão
Desesperados, Seita e Setsuko encontram uma casa abandonada, onde decidem morar sozinhos. A casa se torna um símbolo ambíguo: refúgio da guerra, mas também do isolamento e da falta de recursos. Eles tentam criar alguma normalidade em meio à tragédia: preparam pequenas refeições, cuidam da higiene e mantêm a esperança viva com momentos de brincadeira e imaginário infantil.
Durante esse período, a fome se intensifica e Setsuko começa a adoecer. A situação reflete o impacto devastador da guerra sobre os inocentes e a impotência de Seita diante do sofrimento da irmã, apesar de seu esforço constante para protegê-la.
A Tragédia Se Aproxima
À medida que a guerra continua, a escassez de alimentos se agrava. Seita rouba comida e tenta vender pequenos itens para sustentar a irmã, mas a situação se deteriora rapidamente. Setsuko, fraca e desnutrida, não consegue mais se alimentar adequadamente. A desesperança cresce, mostrando a crueldade da guerra não apenas nas batalhas, mas na destruição das vidas civis, especialmente das crianças.
O filme constrói uma tensão crescente, mostrando cada pequeno gesto de Seita para manter a irmã viva: cozinhar, brincar e até inventar pequenas histórias para distraí-la da fome. A relação fraternal se torna o único ponto de luz em um cenário de destruição, reforçando o contraste entre a inocência infantil e a brutalidade da guerra.
O Desfecho Trágico
Setsuko eventualmente sucumbe à fome e à doença, deixando Seita sozinho, devastado. O filme culmina com Seita retornando ao abrigo, carregando o corpo da irmã, refletindo sobre a crueldade da guerra e o abandono que sofreram. A história é contada em flashback, a partir de Seita adulto, que relembra sua infância perdida, a morte da irmã e o impacto permanente da guerra em sua vida.
O final é devastador e poético, mostrando a solidão e a impotência diante de forças maiores. As luzes dos vagalumes, que dão nome ao filme, simbolizam tanto a efemeridade da vida quanto a beleza e fragilidade da inocência infantil, criando uma metáfora poderosa sobre memória, perda e resistência.
