Abertura: A Cidade de Los Angeles no Futuro
O filme começa em Los Angeles, no ano de 2019, em um futuro distópico. A cidade é apresentada de forma sombria, com arranha-céus gigantescos, poluição constante, chamas industriais e veículos voadores conhecidos como spinners. Essa atmosfera pesada, acompanhada por trilha sonora eletrônica de Vangelis, já estabelece o tom melancólico e decadente do mundo.
Logo o público é introduzido ao conceito dos Replicantes: andróides criados pela poderosa corporação Tyrell, idênticos aos humanos, mas utilizados para trabalhos perigosos e como escravos em colônias fora da Terra. Esses modelos avançados, chamados Nexus-6, são fisicamente superiores aos humanos, porém têm vida útil limitada a apenas quatro anos.
Quando alguns replicantes se rebelam e fogem para a Terra, surgem os Blade Runners, caçadores especializados cuja função é caçar e “aposentar” (eufemismo para matar) essas máquinas.
O Caso: A Rebelião dos Nexus-6
A história começa com um interrogatório conduzido por Holden, um caçador de replicantes. Ele aplica o teste Voight-Kampff, que mede reações emocionais para distinguir humanos de replicantes. Durante a aplicação em Leon Kowalski, o suspeito saca uma arma e atira em Holden, deixando-o gravemente ferido.
Com esse incidente, a polícia descobre que seis replicantes Nexus-6 liderados por Roy Batty (Rutger Hauer) voltaram ilegalmente para a Terra. Dois já morreram em tentativa de fuga, restando quatro.
A Volta de Rick Deckard
O chefe da polícia, Bryant, convoca o ex-Blade Runner Rick Deckard (Harrison Ford), que havia se aposentado. Relutante, Deckard é praticamente coagido a aceitar a missão de caçar os replicantes fugitivos.
Ele recebe um briefing: os quatro restantes são Roy Batty, Pris Stratton (Daryl Hannah), Zhora Salome (Joanna Cassidy) e Leon Kowalski. Todos são perigosos e devem ser “aposentados” imediatamente.
A Corporação Tyrell e Rachel
Deckard visita a Corporação Tyrell, onde conhece seu criador, Dr. Eldon Tyrell (Joe Turkel), e sua assistente Rachael (Sean Young). Para testar a eficácia do Voight-Kampff, Deckard o aplica em Rachael e descobre que ela é uma replicante extremamente avançada – tão sofisticada que nem sabia não ser humana.
Tyrell explica que Rachael possui memórias implantadas, o que lhe dá uma identidade falsa, permitindo que acredite ser realmente humana. Essa revelação intriga Deckard e cria uma conexão emocional entre ele e Rachael.
A Caçada Começa
Deckard inicia sua investigação na cidade. Ele visita o apartamento de Leon, onde encontra pistas, incluindo fotografias misteriosas e uma escama de animal artificial. Seguindo as evidências, descobre que a escama pertence a uma dançarina exótica chamada Zhora, que trabalha em um clube noturno.
Enquanto isso, Roy e Leon buscam formas de prolongar sua vida útil. Eles localizam J.F. Sebastian (William Sanderson), um engenheiro geneticista que sofre de envelhecimento precoce e vive isolado. Pris, usando charme e manipulação, se aproxima dele, conquistando sua confiança.
A Perseguição de Zhora
Deckard encontra Zhora em seu camarim e tenta aplicar o teste, mas ela desconfia e foge. Segue-se uma longa perseguição pelas ruas cheias de neon e chuva incessante. Deckard consegue alcançá-la e a mata com vários tiros, em uma cena brutal e marcante.
Logo após o confronto, Deckard é surpreendido por Leon, que tenta vingá-la. Leon quase o mata, mas Rachael aparece e salva Deckard atirando no replicante. Esse ato fortalece o vínculo entre os dois, mostrando que Rachael, mesmo sendo replicante, é capaz de sentir e escolher.
A Conexão com Rachael
Deckard leva Rachael para seu apartamento. Ela está abalada ao descobrir que suas memórias são falsas e luta contra a ideia de ser uma máquina. Nesse momento, começa a nascer uma relação afetiva entre os dois, em meio a dúvidas existenciais sobre o que realmente define a humanidade: biologia ou sentimentos.
Roy e Sebastian: A Busca pela Vida
Enquanto isso, Roy e Pris pressionam Sebastian a levá-los até Tyrell. Roy quer respostas sobre como prolongar sua vida. Sebastian, comovido e também solitário, acaba ajudando.
Roy finalmente confronta Tyrell em seu luxuoso apartamento. Em uma cena carregada de emoção, ele implora por mais vida, mas Tyrell admite que é impossível estender sua programação. Desesperado e furioso, Roy mata seu criador esmagando-lhe o crânio. Depois, também mata Sebastian, fechando a porta de sua busca por imortalidade.
O Confronto Final
Deckard vai até o prédio de Sebastian, onde encontra Pris. Ela o ataca com agilidade sobre-humana, quase o matando, mas Deckard consegue “aposentá-la” com dificuldade. Logo em seguida, Roy chega e começa o confronto decisivo.
A perseguição entre os dois acontece dentro do prédio abandonado, em um jogo de gato e rato. Roy, sabendo que está perto da morte devido ao limite de sua programação, demonstra força brutal e comportamento quase insano, mas também reflexões filosóficas sobre a vida e a morte.
No momento culminante, quando Deckard quase cai de um prédio, Roy surpreende: em vez de deixá-lo morrer, ele o salva.
As Lágrimas na Chuva
Em uma das cenas mais icônicas da história do cinema, Roy faz um monólogo poético enquanto sente sua vida se esvair: “Eu vi coisas que vocês não acreditariam... Naves de ataque em chamas ao largo de Órion. Vi raios C brilharem na escuridão perto do Portão de Tannhäuser. Todos esses momentos se perderão no tempo, como lágrimas na chuva. Hora de morrer.”
Roy então morre em paz, tendo demonstrado mais humanidade em seus últimos segundos do que muitos humanos ao longo da vida.
Desfecho: A Fuga de Deckard e Rachael
Após o confronto, Deckard retorna ao seu apartamento e encontra Rachael. Ele decide fugir com ela, sabendo que a polícia também a caçará.
No final, dependendo da versão do filme, existem interpretações diferentes:
- Na versão de cinema de 1982, Deckard e Rachael fogem juntos em busca de uma nova vida, deixando em aberto seu futuro.
- Na versão do diretor (Director’s Cut e Final Cut), há a sugestão de que Deckard também pode ser um replicante, reforçada pela famosa cena do origami de unicórnio deixado pelo policial Gaff, indicando que até seus sonhos poderiam ser implantações.
Assim, o filme termina em ambiguidade, deixando ao público a reflexão sobre o que define ser humano e o que é apenas uma construção artificial.
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