Cazuza: O Tempo Não Para (2004)

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Abertura: O Palco e a Rebeldia
O filme se inicia mostrando Cazuza (Daniel de Oliveira) já no auge de sua juventude, em uma apresentação no Circo Voador, espaço emblemático do Rio de Janeiro nos anos 80. A energia do show evidencia sua irreverência e personalidade explosiva, que logo se tornariam sua marca registrada. O público vibra, e o palco se torna o ponto de partida para a narrativa que vai explorar não apenas a carreira meteórica, mas também a vida pessoal e íntima do cantor.

A Juventude e o Barão Vermelho
Voltando ao passado, acompanhamos Cazuza ainda como jovem rebelde, apaixonado por poesia e música. Ele se junta ao grupo que viria a se tornar o Barão Vermelho, banda que rapidamente conquista espaço no cenário do rock brasileiro. Ao lado de músicos como Roberto Frejat (interpretado por André Gonçalves), Cazuza demonstra seu talento singular como letrista e vocalista. O filme destaca canções icônicas que marcaram a época, como “Pro Dia Nascer Feliz”, que se torna um hino de uma geração.

O Conflito com o Pai e a Relação com a Mãe
O roteiro explora também os conflitos familiares. João Araújo (Stepan Nercessian), pai de Cazuza, é um executivo da indústria fonográfica, pragmático e preocupado com a carreira do filho, mas que não compreende completamente o estilo de vida e a postura desafiadora de Cazuza. Em contrapartida, Lucinha Araújo (Marieta Severo), mãe do cantor, é retratada como sua principal apoiadora, sempre presente e disposta a acolhê-lo, mesmo diante das escolhas mais polêmicas. Essa relação materna de carinho e cumplicidade será fundamental ao longo de toda a trama.

O Sucesso e os Exageros
Com o Barão Vermelho em ascensão, Cazuza ganha fama, dinheiro e prestígio, mas também se envolve cada vez mais em um estilo de vida marcado por excessos. O filme mostra o uso intenso de drogas, festas intermináveis e romances passageiros, retratando um lado autodestrutivo que contrasta com seu brilho artístico. Essa dualidade é central: um homem frágil e vulnerável por trás do ícone rebelde.

A Carreira Solo
Cazuza decide seguir carreira solo, rompendo com o Barão Vermelho. Essa fase marca o auge de sua liberdade criativa, onde ele compõe músicas mais íntimas e ousadas, como “Exagerado”, que se tornaria uma de suas assinaturas. O filme mostra sua busca por uma identidade própria, sem amarras de banda, e o reconhecimento imediato do público, que abraça sua autenticidade e intensidade emocional.

O Amor e a Sexualidade
A trama não deixa de lado a vida amorosa de Cazuza, abordando seus relacionamentos com homens e mulheres de forma franca, retratando sua bissexualidade sem estereótipos. Esses momentos revelam sua necessidade de amor e afeto, mas também os conflitos que enfrentava ao viver abertamente em uma sociedade ainda cheia de preconceitos.

A Descoberta da Doença
No auge do sucesso, Cazuza descobre ser portador do vírus HIV, em uma época em que a AIDS ainda era cercada de medo, desinformação e estigma social. O impacto da notícia é devastador, tanto para ele quanto para sua família e amigos. O filme retrata a luta contra o preconceito e a forma como o cantor, mesmo debilitado, se recusa a se calar, transformando sua doença em bandeira de resistência e coragem.

A Fase Final: Música como Desabafo
Mesmo com a saúde em declínio, Cazuza continua compondo e se apresentando. Canções como “O Tempo Não Para” se tornam gritos de revolta contra a hipocrisia social, além de um desabafo pessoal diante da morte iminente. O filme mostra as últimas apresentações, nas quais sua voz já enfraquecida contrasta com a força da mensagem que transmitia.

O Apoio da Família e a Despedida
Lucinha Araújo permanece ao lado do filho até o fim, dando suporte e carinho em seus momentos mais difíceis. O pai, apesar das diferenças, também aparece em momentos decisivos, evidenciando um laço de amor e orgulho que transcende os conflitos passados. A morte de Cazuza, em 1990, é mostrada de forma sensível, sem sensacionalismo, ressaltando o legado que deixou como artista e símbolo de uma geração.

O Legado
O filme encerra destacando o impacto duradouro de Cazuza na música e na cultura brasileira. Sua obra continua viva, e sua postura desafiadora contra padrões sociais e preconceitos o eternizou como ícone de liberdade e autenticidade. “O Tempo Não Para”, além de título do filme, sintetiza sua trajetória: breve, intensa e inesquecível.

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