Malcriados (2016)

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Abertura: A Mansão, os Filhos e o Pai ausente
O filme começa apresentando Manuel Rico (Víctor Mallarino), um empresário viúvo, que mora numa bela e espaçosa mansão na savana de Bogotá com seus três filhos adultos: Javi (Juan Fernando Sánchez), Bárbara (Julieth Restrepo) e Charly (José Restrepo). Mandou criar os filhos com conforto e luxo, suprindo todas as vontades, compensando a ausência da mãe. A casa é grande, os hábitos são de ostentação, festas, descanso, privilégio. O trabalho do pai está sempre presente, mas ele não é presente no dia a dia.

Desde o início, fica claro que os filhos, apesar de adultos, são mimados, irresponsáveis e sem noção de como lidar com obrigações simples: nunca trabalharam de verdade, não têm responsabilidade com finanças ou desafios da vida comum.

O Evento Catalisador: Crise e Colapso
A tensão da narrativa se inicia quando Manuel sofre um ataque cardíaco, um evento que o obriga a parar um pouco, refletir sobre como vive e sobre o que fez com a educação dos seus filhos.

Logo depois, piora: sua empresa é denunciada por desfalque financeiro, o que provoca uma investigação que resulta em apreensão dos bens da família. Ou seja: toda a riqueza, os bens, a ostentação, tudo isso some, deixando a família sem recursos.

A Queda para a Vida Comum
Com a falência aparente, ou pelo menos com a necessidade de viver sem luxo, os filhos precisam se adaptar: a mansão se torna inacessível, os bens apreendidos, o estilo de vida termina. Eles se mudam para uma casa antiga, em ruínas, muito abaixo do padrão a que estavam acostumados.

Essa mudança força Bárbara, Javi e Charly a experimentar o que nunca haviam: lidar com serviços, tarefas domésticas, empregos simples, finanças apertadas, responsabilidades. Tudo aquilo que consideravam chato, inferior ou desnecessário.

O Choque de Realidade
Os filhos sentem na pele o desconforto de não ter alguém para servi-los ou resolver tudo para eles. Precisam cozinhar, limpar, arrumar a casa, conseguir emprego, lidar com interações com chefes, clientes, pessoas comuns.

Há momentos de humilhação, frustração, raiva. Eles entram em conflito entre si: quem reclama mais, quem quer voltar à antiga vida, quem acha que o pai exagerou, quem acha que não deveria fazer tudo isso. Esse choque interno entre os filhos gera humor, mas também dor e reflexão.

As Lições e Mudanças
À medida que enfrentam o dia a dia, começam a aprender. Aprendem valor do trabalho, de ser pontual, de depender de si mesmos. Alguns têm sucesso modesto em empregos, outros tropeçam e falham — mas isso faz parte do crescimento.

Manuel, apesar dos problemas de saúde iniciais, aparece como alguém que deseja ver os filhos responsáveis, respeitáveis, com caráter. Ele observa mudanças, pequenas vitórias, momentos em que os filhos se sacrificam ou ajudam um ao outro, em vez de brigar ou fugir.

Conflitos Itens Pessoais
Há cenas que exploram individualmente cada filho:
  • Javi (filho mais velho) tenta manter seu estilo de vida, mas sofre escassez, aprende que não pode esperar que tudo esteja a seu dispor ou que sua opinião ou reputação resolvam problemas.
  • Bárbara lida com o desconforto de abandonar privilégios e passa a questionar seu valor além do luxo, além da aparência.
  • Charly talvez seja o mais rebelde ou menos preparado, e precisa se confrontar com sua própria preguiça ou falta de direção.
Também há interações com pessoas do “mundo real” que contrastam fortemente com o estilo de vida deles: colegas de trabalho humildes, vizinhos, pessoas que trabalham para viver, não só para mostrar. Essas interações acendem empatia e a compreensão do que é responsabilidade.

O Desfecho: Crescimento e Reconciliação
Com o passar do tempo, vemos que os filhos começam a se reerguer, cada um em seu ritmo, mas com maior consciência. Alguns encontram empregos fixos ou funções honestas; outros aceitam limitações.

Manuel observa com satisfação essas mudanças, embora sem negar que foi duro para todos. Ele também reconhece falhas pessoais — por ter compensado demais, por ter criado dependência, por estar ausente emocionalmente.

No final, o filme mostra que a verdadeira riqueza da vida não está no luxo, mas na capacidade de enfrentar desafios, cuidar de si mesmo, entender o valor do trabalho, da responsabilidade e da humildade. A família reconstrói sua vida, mais simples, mas com dignidade.

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