A Infância de Vada
O filme acompanha a vida de Vada Sultenfuss (Anna Chlumsky), uma garota de 11 anos que vive em uma pequena cidade no inÃcio dos anos 70. Vada é uma criança precoce, inteligente, curiosa e com um jeito peculiar de encarar o mundo. Ela mora com o pai, Harry Sultenfuss (Dan Aykroyd), que é dono de uma funerária e passa a maior parte do tempo ocupado com seu trabalho, deixando a filha solitária.
Desde pequena, Vada convive com a morte de forma muito próxima por causa da profissão do pai, o que a torna obcecada com a ideia de doenças e mortalidade. Sua mãe morreu quando ela ainda era bebê, e isso a marcou profundamente, mesmo que ela não tenha memórias diretas da perda.
A Amizade com Thomas J.
Vada encontra apoio em seu melhor amigo, Thomas J. Sennett (Macaulay Culkin), um garoto doce, tÃmido, alérgico a praticamente tudo e também meio deslocado entre as outras crianças. Eles compartilham brincadeiras inocentes, passeios de bicicleta, pescarias e até uma amizade carregada de cumplicidade, que vai além da infância comum.
Thomas J. é o único que realmente entende Vada e a acompanha em suas aventuras e devaneios, mesmo quando ela se mostra dramática e fala de morte o tempo todo. A relação dos dois é o coração do filme, mostrando a pureza da amizade infantil que começa a se transformar em algo mais.
O Pai e a Nova Companheira
A rotina da casa muda quando Shelly DeVoto (Jamie Lee Curtis), uma maquiadora de funerárias, começa a trabalhar para Harry. Ela é simpática, carismática e moderna, contrastando com a rigidez e frieza emocional dele.
Aos poucos, Shelly se aproxima de Harry e de Vada. Enquanto Harry começa a desenvolver sentimentos por Shelly, Vada sente ciúmes, acreditando que a mulher está tentando ocupar o lugar de sua mãe. Isso a deixa dividida entre a necessidade de afeto e a dificuldade de aceitar mudanças na famÃlia.
A Descoberta da Adolescência
Enquanto lida com a vida em casa, Vada também começa a enfrentar os dilemas da pré-adolescência. Ela desenvolve sentimentos por Sr. Bixler (Griffin Dunne), seu professor de inglês, chegando até a se inscrever em uma aula de redação só para passar mais tempo perto dele. Vada fantasia casar-se com o professor, vendo nele a figura de afeto que sente faltar em sua vida.
Ao mesmo tempo, começa a despertar para sentimentos diferentes em relação a Thomas J. — algo além da amizade. Os dois trocam confidências, e em uma cena marcante, compartilham o que seria seu primeiro beijo inocente, à beira de um lago, ainda sem entender completamente o significado desse gesto.
A Tragédia
O ponto de virada do filme acontece quando Thomas J., durante uma de suas explorações pelo bosque, encontra o anel de Vada que ela havia perdido. Enquanto o procura, ele acaba entrando em uma área onde há uma colmeia de abelhas. Thomas J. é atacado e, por causa de suas alergias severas, não sobrevive.
A notÃcia da morte do amigo devasta Vada. Ela, que sempre falava sobre doenças e morte de forma quase teatral, de repente se vê confrontada com a realidade da perda de quem mais amava.
O Velório de Thomas J.
Em uma das cenas mais emocionantes do cinema dos anos 90, Vada aparece no velório de Thomas J., visivelmente abalada. Ela olha para o caixão e, entre lágrimas, insiste que ele precisa de seus óculos, repetindo: “Ele não pode ver sem seus óculos!”. A dor de Vada é mostrada de forma crua e realista, simbolizando o choque de uma criança ao experimentar a morte de alguém tão próximo pela primeira vez.
A Superação e o Crescimento
Após a tragédia, Vada passa por uma transformação. Ela percebe que não pode viver apenas com medo da morte e começa a entender melhor a importância da vida e das pessoas que ainda estão ao seu lado.
Ela também aceita, aos poucos, a relação do pai com Shelly, percebendo que Harry precisa de companhia e que Shelly realmente se preocupa com ela. Vada começa a amadurecer, aprendendo a lidar com sentimentos de perda, amor e mudança.
O filme se encerra com Vada narrando uma redação para a aula de inglês, onde fala sobre as experiências que viveu e o quanto aprendeu durante aquele verão — uma reflexão melancólica, mas também cheia de esperança sobre o ciclo da vida.