O Príncipe Esquecido (2020)

Média: 0 | Votos: 0

Abertura: As Noites de Contos
O filme começa apresentando Djibi (Omar Sy), um pai solteiro dedicado à filha Sofia (Keyla Fala). Desde que a menina era pequena, eles têm uma tradição especial: todas as noites, antes de dormir, Djibi inventa histórias fantásticas para entreter Sofia, transportando-a para um mundo mágico chamado Estúdios das Histórias, onde ele aparece como o herói principal: o Príncipe Valente, que sempre salva a filha-princesa das mais diversas ameaças. Esse início mostra a força da relação entre pai e filha, além de revelar o poder da imaginação na vida deles.

O Crescimento de Sofia
O tempo passa e Sofia chega à pré-adolescência. Ela já não é mais a garotinha que via em Djibi o centro de seu universo. Agora, começa a se interessar por outras coisas, a sentir vergonha das tradições infantis e até a se afastar dos contos de fadas. Djibi, porém, resiste à ideia de que a filha está crescendo e tenta manter vivas as histórias, mesmo percebendo que ela já não reage da mesma forma. Esse conflito dá início à tensão principal: o medo de um pai de deixar de ser o herói na vida da filha.

O Mundo dos Contos em Perigo
No Estúdios das Histórias, esse afastamento se reflete de maneira concreta. O Príncipe Valente, versão heroica de Djibi, percebe que seu papel nas narrativas está ameaçado. Com Sofia crescendo, novos personagens começam a surgir para ocupar seu lugar. O reino mágico, que sempre funcionou como reflexo da imaginação dela, começa a dar sinais de mudança. Essa dualidade entre mundo real e mundo imaginário é um dos pontos centrais da trama.

A Entrada de Novos Personagens
Na vida real, Sofia conhece Max (Néotis Ronzon), um colega de escola, e começa a se aproximar dele. Na imaginação dela, surge um novo herói nos Estúdios das Histórias: Príncipe Azul, representando a entrada de outras figuras masculinas em sua vida. O choque é imediato: o Príncipe Valente, que sempre foi o protagonista absoluto, passa a ser deixado de lado, tornando-se um personagem quase esquecido, relegado a papéis menores nas aventuras. Essa transição dói profundamente em Djibi, tanto no mundo real quanto no imaginário.

Djibi e a Resistência à Mudança
Djibi não aceita facilmente perder o lugar central na vida da filha. Ele tenta manter o vínculo de todas as formas, forçando as noites de contos e insistindo em aventuras onde ainda seja o herói. Porém, isso só aumenta a distância entre os dois, já que Sofia se sente sufocada pela insistência do pai e deseja ter sua independência. Esse retrato sensível mostra a dificuldade de muitos pais em aceitar o crescimento dos filhos.

A Rainha da História
Dentro dos Estúdios das Histórias, surge uma nova personagem poderosa: a Rainha, uma vilã vaidosa que representa o desejo de Sofia por independência e novas experiências. Ela manipula os acontecimentos para tirar o Príncipe Valente do centro da narrativa. Essa disputa mostra de forma simbólica a batalha interna que Sofia enfrenta ao crescer e se distanciar da infância.

O Príncipe Valente em Declínio
O herói vivido por Djibi começa a perder espaço de vez. Ele deixa de aparecer como protagonista nas histórias, sendo substituído pelo Príncipe Azul. Sua função passa a ser de um coadjuvante que observa de longe as aventuras da filha. Essa queda simboliza o medo de todo pai: tornar-se irrelevante na vida dos filhos. Djibi, no mundo real, percebe esse reflexo e começa a enfrentar o dilema de respeitar a liberdade de Sofia ou continuar insistindo em controlá-la.

A Descoberta de Sofia
Sofia, por sua vez, percebe que o amor do pai sempre esteve presente, mesmo quando ele exagerava na proteção. Ela entende que as histórias não eram apenas brincadeiras, mas uma forma de Djibi demonstrar cuidado e devoção. Esse entendimento amadurece a relação entre eles, mesmo que de uma maneira diferente da infância. A ligação não desaparece, mas precisa ser reconstruída sob novas bases.

A Aceitação da Mudança
O momento decisivo chega quando Djibi, finalmente, aceita que não pode mais ser o protagonista de todas as histórias da filha. Ele entende que crescer significa abrir espaço para novas pessoas e novas experiências. Ao aceitar esse papel de coadjuvante, Djibi descobre que o amor de Sofia por ele não diminuiu; apenas mudou de forma. No Estúdios das Histórias, essa aceitação se reflete quando o Príncipe Valente encontra dignidade em deixar o centro da cena e apoiar os novos personagens.

O Reencontro Entre Pai e Filha
No final, Djibi e Sofia se reconectam de forma mais madura. Ele entende que ser pai não é estar sempre no palco principal, mas estar disponível quando a filha precisar. Sofia, por sua vez, reconhece todo o sacrifício e carinho do pai, reafirmando o vínculo entre eles. O filme termina com um tom emocionante, mostrando que, embora os contos de fadas mudem, o amor verdadeiro entre pai e filha é eterno.
3/related/default