O Senhor das Moscas (1990)

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Abertura: A Queda no Paraíso
O filme começa em meio à Segunda Guerra Mundial. Um avião com um grupo de garotos britânicos cai em uma ilha deserta do Pacífico. Os meninos, vindos de colégios militares, sobrevivem, mas não há adultos presentes para guiá-los. Entre os primeiros a se destacar estão Ralph, um garoto carismático que inspira confiança; Porquinho, inteligente, mas frágil e alvo constante de zombarias; e Jack, líder do coral, autoritário e ambicioso.

Sem supervisão, eles precisam organizar-se para sobreviver. A ilha, de aparência paradisíaca, com frutas, praias e florestas, logo revela-se um desafio, pois a liberdade sem limites começa a trazer conflitos.

A Concha e a Organização
Ralph e Porquinho encontram uma concha na praia. Quando Ralph sopra nela, o som reúne os garotos espalhados pela ilha. A concha passa a simbolizar autoridade e ordem: somente quem a segura tem o direito de falar durante as reuniões.

Na primeira assembleia, os meninos decidem eleger um líder. Ralph é escolhido, com Jack ficando ressentido. Ralph nomeia Jack responsável pelo grupo de caçadores e pelo fornecimento de comida. Outro personagem, Simão, introspectivo e bondoso, também começa a se destacar pela sua sensibilidade.

A prioridade de Ralph é construir abrigos e manter uma fogueira acesa no alto da montanha, para que a fumaça possa atrair resgate. Jack, no entanto, fica obcecado pela caça aos porcos selvagens da ilha, negligenciando os abrigos e a fogueira.

O Medo da “Fera”
Os garotos mais novos, chamados de “crianças pequenas”, começam a falar de uma suposta fera que habita a ilha. O medo cresce, e a tensão entre imaginação e realidade se espalha entre todos. Simão, com sua calma e espiritualidade, sugere que a verdadeira fera pode estar dentro de cada um deles — o medo e a violência latentes nos próprios garotos.

Enquanto isso, Jack e seus caçadores tornam-se cada vez mais brutais durante as caçadas, pintando o rosto e celebrando de forma selvagem ao matar porcos. Essa transformação marca a perda da inocência e o início da selvageria.

O Conflito de Liderança
Com o tempo, a liderança de Ralph é contestada. Ele insiste na importância da fogueira e da ordem, mas Jack despreza essas regras, preferindo a caça e a força bruta. O grupo começa a se dividir: parte dos meninos segue Ralph, ainda acreditando em resgate, enquanto outros passam a seguir Jack, atraídos pela violência e pela promessa de comida.

O racha se intensifica quando, em uma reunião, Jack desafia Ralph diretamente e não consegue apoio imediato. Humilhado, Jack abandona o grupo, mas logo atrai seguidores e forma uma nova tribo, estabelecida em outra parte da ilha.

A Morte de Simão
Uma noite, após um ataque aéreo, um piloto morto cai de paraquedas na ilha, ficando preso entre as árvores. Os meninos confundem sua silhueta com a da “fera”, reforçando o terror coletivo.

Simão, em busca de respostas, encontra o corpo do piloto e percebe a verdade: não há fera sobrenatural, apenas um homem morto. Ao voltar para contar aos demais, ele é pego no meio de uma celebração tribal selvagem organizada por Jack. Tomado pelo frenesi coletivo, o grupo confunde Simão com a fera e o mata brutalmente a pedradas e golpes.

A cena marca o ponto sem retorno da degradação moral dos garotos.

A Espiral de Violência e a Morte de Porquinho
Com o domínio de Jack crescendo, os meninos de sua tribo atacam os de Ralph para roubar o óculos de Porquinho — único objeto capaz de acender o fogo. Porquinho, desesperado, acompanha Ralph em uma tentativa de dialogar e recuperar seus pertences.

No confronto, Roger, braço direito de Jack, derruba uma grande pedra sobre Porquinho, esmagando-o e matando-o instantaneamente. A concha, símbolo de ordem e civilização, também se quebra em pedaços. Esse momento simboliza a destruição final da democracia e da razão entre os meninos.

A Caçada Final
Agora isolado e caçado, Ralph torna-se a próxima vítima. Jack e sua tribo organizam uma verdadeira caçada contra ele, incendiando toda a floresta da ilha para forçá-lo a sair do esconderijo. Ralph corre desesperado, ferido e sem aliados, enquanto o fogo consome a ilha inteira.

Quando parece que Ralph será capturado e morto, ele desaba na praia — e encontra um oficial da marinha que, ao ver o incêndio, veio investigar. Os meninos, cobertos de sangue, sujeira e pintados como selvagens, de repente voltam a ser apenas crianças diante da figura de autoridade adulta.

O Fim: A Perda da Inocência
Ao perceberem o que fizeram — as mortes de Simão e Porquinho, e a violência a que chegaram — muitos garotos caem em lágrimas. Ralph chora não apenas pela perda de seus amigos, mas pela perda da própria inocência de todos ali.

O oficial, chocado, observa em silêncio, enquanto a câmera mostra que, mesmo com o resgate, os meninos jamais voltarão a ser os mesmos.

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