Abertura: A Escócia Sob Domínio Inglês
O filme começa na Escócia do final do século XIII, um território dominado pela tirania do rei inglês Eduardo I, conhecido como Longshanks (Patrick McGoohan). O povo escocês vive sob opressão, submetido a impostos abusivos, violência e à humilhação constante. Crianças crescem cercadas pela guerra, fome e medo. Entre elas está William Wallace (Mel Gibson), que testemunha ainda menino a morte de seu pai e de seu irmão nas lutas contra os ingleses.
Na cena inicial, o jovem Wallace vê os corpos sendo levados após uma batalha perdida, enquanto um velho sábio chamado Argyle Wallace (Brian Cox), seu tio, o acolhe. Argyle decide levá-lo embora para educá-lo, ensinando-lhe tanto a ler e escrever quanto a arte da guerra. Esse prólogo estabelece a atmosfera sombria de opressão inglesa e a semente da resistência escocesa.
O Retorno de Wallace
Anos depois, já adulto, William Wallace (Mel Gibson) retorna à sua vila natal após anos viajando pela Europa. Seu objetivo é viver uma vida simples e pacífica como agricultor, longe das guerras. É nesse reencontro com suas raízes que ele revive memórias de sua infância, inclusive a lembrança de Murron MacClannough (Catherine McCormack), seu amor de infância.
Apesar do clima tenso na Escócia, Wallace insiste em evitar conflitos. Porém, sua presença forte e seu passado o tornam naturalmente respeitado entre os vizinhos. O reencontro com Murron reacende o romance, e eles acabam se casando em segredo, já que os ingleses impunham o "direito da primeira noite", permitindo que nobres ingleses violentassem mulheres escocesas recém-casadas.
A Brutalidade Inglesa e a Primeira Revolta
O plano de Wallace para viver em paz é destruído quando soldados ingleses tentam violentar Murron. Ela resiste e, durante a fuga, é capturada. Para dar exemplo aos demais escoceses, os ingleses a executam publicamente. A morte brutal de sua esposa transforma Wallace em um homem consumido pela fúria e pela sede de justiça.
Numa das cenas mais impactantes, ele organiza uma emboscada e mata todos os soldados ingleses responsáveis, incluindo o magistrado local. Esse ato de vingança dá início a uma rebelião inesperada, e logo os camponeses se unem a Wallace. O guerreiro simples passa a ser visto como um líder de resistência.
O Nascimento do Líder Rebelde
Wallace rapidamente se destaca pela inteligência estratégica e pela coragem. Ele adota táticas de guerrilha contra os ingleses, atacando fortalezas e emboscando patrulhas. Sua liderança atrai seguidores de várias vilas, que veem nele não apenas um vingador, mas um símbolo de liberdade.
Entre os aliados mais notáveis está Hamish Campbell (Brendan Gleeson), um amigo de infância leal e de temperamento forte, e também personagens carismáticos como o excêntrico irlandês Stephen (David O’Hara), que se apresenta como “enviado por Deus”. Esses companheiros acrescentam humor e camaradagem à narrativa, equilibrando a dureza da guerra.
A Batalha de Stirling
A primeira grande vitória dos escoceses acontece na Batalha da Ponte de Stirling. Wallace, com táticas engenhosas e o apoio da moral elevada de seus homens, derrota as forças inglesas, muito mais numerosas. A cena mostra a astúcia do líder, que manipula a geografia do terreno e a impulsividade dos inimigos para conseguir vantagem.
Após a vitória, Wallace é proclamado herói nacional e, contra sua vontade inicial, se torna um dos principais líderes da Escócia. Ele ganha fama como o “Coração Valente” e atrai a atenção de nobres escoceses, divididos entre apoiar a revolta ou manter-se aliados dos ingleses por interesses políticos.
O Conflito com os Nobres
Wallace acredita que a luta deve ser pelo povo, mas descobre que muitos nobres escoceses preferem negociar com o rei Eduardo em troca de terras e títulos. Entre esses nobres está Robert the Bruce (Angus Macfadyen), jovem herdeiro da coroa escocesa, dividido entre sua admiração por Wallace e a pressão de seu pai, o Velho Bruce (Ian Bannen), que deseja aliança com a Inglaterra.
Enquanto Wallace luta por liberdade genuína, os nobres vivem entre a covardia e a traição, criando um contraste que percorre todo o filme.
O Romance com a Princesa Isabel
Durante suas campanhas, Wallace desperta a atenção da princesa Isabel da França (Sophie Marceau), nora do rei Eduardo e casada com o príncipe Eduardo, fraco e manipulável. Isabel se encanta pela coragem e pela pureza do ideal de Wallace, iniciando um romance secreto com ele. Esse relacionamento, além de humano e afetivo, também fortalece a posição política de Wallace, pois a princesa se torna uma aliada importante contra o rei inglês.
A Derrota e a Traição
O auge da traição ocorre na Batalha de Falkirk, onde Wallace, à frente de suas tropas, espera o apoio dos nobres escoceses. No entanto, muitos deles abandonam o campo de batalha em troca de acordos com os ingleses. Sem reforços, Wallace e seus homens sofrem uma derrota devastadora.
Ferido e desiludido, Wallace percebe que sua maior luta não é apenas contra os ingleses, mas contra a corrupção e a covardia dentro da própria Escócia. Ainda assim, ele continua sua resistência em menor escala, atacando e desestabilizando os ingleses enquanto tenta manter viva a chama da liberdade.
A Captura de Wallace
Traído por nobres escoceses que fingem apoiá-lo, Wallace é capturado pelos ingleses e levado a Londres. O rei Eduardo Longshanks, já debilitado pela idade e pela doença, vê na execução de Wallace uma forma de esmagar a moral dos escoceses de uma vez por todas.
O Martírio
A cena final é uma das mais icônicas da história do cinema. Wallace é condenado a uma execução cruel e pública, que inclui tortura e esquartejamento. Diante da multidão, ele é pressionado a pedir clemência em troca de uma morte rápida. No entanto, em seu último suspiro de coragem, Wallace grita com todas as forças: “Liberdade!”.
Esse momento ecoa como um símbolo eterno, mostrando que, mesmo derrotado fisicamente, Wallace triunfa espiritualmente, tornando-se um mártir da causa escocesa.
O Epílogo: O Legado
Após a morte de Wallace, Robert the Bruce assume a liderança do movimento escocês. Inspirado pelo sacrifício do “Coração Valente”, ele finalmente se une à causa da independência e conduz os escoceses a uma vitória em Bannockburn, onde enfrentam os ingleses com a lembrança do grito de Wallace ainda viva.
O filme termina mostrando que a coragem de um homem foi suficiente para inspirar uma nação inteira a lutar por sua liberdade.