Nosso Amor (2019)

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Abertura: Cotidiano e Convivência
O filme se inicia mostrando Tom (Liam Neeson) e Joan (Lesley Manville) vivendo uma vida calma e rotineira em Belfast, na Irlanda do Norte. Eles são um casal de longa data, confortavelmente acostumados à companhia um do outro, com gestos silenciosos de afeto e familiaridade. A relação entre eles já não precisa de palavras para se manifestar — os detalhes do viver juntos estão em olhares, na maneira de andar lado a lado e nos silêncio compartilhados.

Apesar desse cenário de intimidade e conforto, paira uma sombra no passado: Joan e Tom já perderam a única filha que tiveram, algo que marca sua relação com uma melancolia sempre presente, ainda que pouco verbalizada.

O Diagnóstico e a Incerteza
A rotina tranquila se rompe quando Joan é diagnosticada com câncer de mama. Ela passa por exames, consultas e biópsias, e Tom a acompanha cada passo — compartilhando o desespero, a esperança e o medo que surgem junto com a notícia.

O filme evita cenas melodramáticas exageradas e opta por mostrar os efeitos físicos e emocionais do tratamento de forma sutil e íntima: as sessões, os efeitos colaterais, a fadiga de Joan, os momentos em que ela se sente vulnerável, os olhares de Tom tentando manter sua força para sustentar a mulher que ama.

Na sala de espera do hospital, Tom ouve sobre outros pacientes, conversa com acompanhantes. Joan, muitas vezes, enfrenta o tratamento com dignidade silenciosa, mas a doença vai impondo limites físicos que antes não existiam.

Conflitos Cotidianos e Tensão no Relacionamento
À medida que o tratamento avança, o casal começa a conviver com a tensão emocional: Tom deseja que Joan faça quimioterapia, terapia complementar, mesmo que o médico ache desnecessário; Joan teme os efeitos agressivos do tratamento. Há discussões contidas, desgostos pequenos, medos ocultos que emergem.

Em um momento decisivo, Joan toma decisão própria sobre o tratamento, provocando conflito com Tom, que se vê impotente frente a sua saúde. Esses conflitos trazem fragilidade humana ao casal — eles não são heróis perfeitos, mas pessoas que amam e têm medo de perder.

As cenas de consulta ao médico, de exames, as idas ao hospital e o convívio com os profissionais de saúde enfatizam a rotina tênue entre a esperança, a incerteza e a dor.

Apoios e Personagens Secundários
Em meio à jornada de tratamento, surgem personagens secundários que enriquecem a trama:
  • Peter (David Wilmot), um professor da filha de Joan que aparece para apoiar o casal em momentos de espera no hospital. Ele representa uma ponte entre o passado (pela filha falecida) e o presente, com empatia silenciosa.
  • Steve (Amit Shah), companheiro de sala de espera, alguém que também enfrenta dor e perda — ele se torna um confidente e mostra que o sofrimento muitas vezes une estranhos sob circunstâncias intimamente humanas.
Esses personagens não desviam o foco do casal, mas reforçam o tema da solidariedade e da convivência na adversidade.

Clímax: Decisões Difíceis
No ponto mais tenso, depois que a cirurgia é feita com sucesso e os médicos declaram que o câncer foi removido completamente, ainda assim há risco de células remanescentes. Joan é alertada sobre a necessidade de quimioterapia preventiva. O marido insiste em que ela aceite, embora ela sinta cansaço, náuseas, fraqueza.

Tom, percebendo o peso que isso terá para Joan, confronta sua própria insegurança: ele teme perder a mulher, teme sofrer sozinho. Joan, por sua vez, luta com o medo de sofrer, de falhar nas expectativas, de não aguentar. Nessa tensão está o coração do filme: nem sempre é sobre vencer a doença, mas sobre decidir quem somos em meio ao sofrimento.

Em um momento marcante, Tom e Joan discutem intensamente no quarto: ele reclama de não poder controlar nada, ela responde que ele precisa confiar em seu corpo, em sua força. O diálogo é brutal e sincero — mostra o amor, mas também a frustração, as falhas e o medo.

Desfecho: Esperança Contida
O filme termina com um epílogo aberto: Joan inicia a quimioterapia. Tom a acompanha e os dois caminham juntos — não há garantias, mas existe alento. A relação deles não sai ilesa, mas reafirma a relação íntima e profunda que sempre teve. O filme conclui não com um triunfalismo, mas com uma serenidade dolorosa: o amor continua, no cotidiano, na incerteza.

Embora o final não seja explícito sobre o resultado completo, há otimismo contido: a cirurgia foi bem-sucedida, e a quimioterapia é vista como um risco necessário. O que fica é a força de uma vida junto, enfrentando a doença como um parceiro de dor e de esperança.

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