Os Últimos na Terra (2015)

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Abertura: O Isolamento
O filme se passa em um futuro pós-apocalíptico, após um evento global não explicado que praticamente eliminou a humanidade. No início, conhecemos Ann Burden (Margot Robbie), uma jovem religiosa e determinada que sobrevive sozinha em uma pequena cidade no interior dos Estados Unidos. Ann acredita ser a única pessoa viva, e sua rotina é dedicada a manter a fazenda da família, caçar, plantar e preservar sua fé, frequentando ainda a igreja abandonada como um símbolo de esperança. A solidão pesa, mas ela segue convicta de que um propósito maior existe em sua sobrevivência.

A Chegada de John Loomis
Tudo muda quando Ann encontra John Loomis (Chiwetel Ejiofor), um engenheiro que atravessa a região em busca de água limpa. Ele está enfraquecido após beber água contaminada por radiação, e Ann decide ajudá-lo a se recuperar. No começo, há uma distância clara entre eles: Loomis é pragmático, científico e cético, enquanto Ann é guiada por sua fé e tradição religiosa. Ainda assim, os dois percebem que precisam um do outro para sobreviver. Aos poucos, eles criam uma parceria, trabalhando juntos para restaurar a fazenda e garantir um futuro mais estável.

A Construção de um Novo Lar
Com o tempo, Ann e Loomis estabelecem uma convivência baseada em respeito e complementaridade. Ele constrói uma roda d’água para aproveitar o curso do rio e gerar energia, enquanto ela continua cultivando alimentos e mantendo suas práticas religiosas. Loomis chega a considerar desmontar a igreja para utilizar a madeira na construção de uma represa, mas Ann se opõe, pois o local representa suas raízes espirituais. Essa divergência marca a primeira grande tensão entre eles, mostrando como a fé e a racionalidade entram em conflito, mesmo quando a sobrevivência depende de cooperação.

A Chegada de Caleb
A aparente harmonia é abalada pela chegada de Caleb (Chris Pine), um sobrevivente carismático e misterioso. Ele se aproxima de Ann com simpatia e rapidamente conquista sua confiança, trazendo à superfície sentimentos que ela não havia explorado desde o colapso da civilização. Loomis, por outro lado, enxerga Caleb com desconfiança desde o início. A presença do novo sobrevivente cria um triângulo emocional e ameaça a frágil estabilidade que Ann e Loomis haviam construído.

A Tensão Crescente
Conforme os dias passam, Ann se vê dividida entre os dois homens. Caleb representa novidade, juventude e uma forma de esperança romântica, enquanto Loomis oferece estabilidade, racionalidade e segurança. O ciúme de Loomis cresce, e as interações entre ele e Caleb se tornam cada vez mais tensas. Pequenos gestos, olhares e diálogos carregados de duplo sentido transformam a convivência em um jogo psicológico, onde a disputa por Ann se mistura à luta pela sobrevivência.

Fé, Ciência e Desejo
O embate entre Loomis e Caleb não é apenas sobre Ann, mas também sobre visões de mundo diferentes. Loomis vê no futuro apenas a necessidade prática de reconstruir, enquanto Caleb apela para os sentimentos e para uma vida mais leve, tentando resgatar a humanidade perdida. Ann, religiosa e inocente em alguns aspectos, se sente confusa entre sua fé, a ciência prática de Loomis e a paixão que Caleb desperta. Essa disputa cria um clima de constante tensão e imprevisibilidade.

O Conflito Final
A tensão atinge seu ápice quando Loomis e Caleb entram em confronto direto. A atmosfera se torna carregada e ambígua, com diálogos que sugerem um desfecho inevitável. Durante um momento crucial, Loomis e Caleb vão até o rio para trabalhar em uma represa. A cena é filmada de forma sugestiva, sem mostrar diretamente o que acontece, mas fica implícito que Loomis se livra de Caleb para proteger sua relação com Ann e eliminar a ameaça à frágil ordem que haviam construído.

O Recomeço Silencioso
Após a ausência de Caleb, Ann e Loomis continuam juntos, mas a relação é marcada por silêncio e tensão. Ann parece suspeitar do que ocorreu, mas não confronta Loomis diretamente. A ambiguidade domina o final, deixando em aberto se eles conseguirão construir uma nova vida com base na confiança ou se o que aconteceu apenas destruiu qualquer possibilidade de verdadeira paz. O filme encerra de forma contemplativa, reforçando a ideia de que, mesmo após o fim do mundo, os maiores conflitos da humanidade continuam sendo emocionais, morais e espirituais.

Conclusão: A Fragilidade Humana
Os Últimos na Terra não é apenas uma história sobre sobrevivência em um mundo devastado, mas um retrato intimista sobre fé, desejo, solidão e poder. Ann representa a pureza e a esperança, Loomis simboliza a racionalidade e o pragmatismo, enquanto Caleb surge como a tentação do instinto e da paixão. O filme mostra que, mesmo quando restam apenas alguns indivíduos, a natureza humana continua complexa, marcada por amor, desconfiança, ciúmes e escolhas difíceis que moldam o destino.

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