Abertura
O filme abre com a calma noite londrina e a casa dos Darling, já no clima de história de ninar. Vemos a família Darling: Senhor e Senhora Darling e suas três crianças — Wendy, João e Miguel — além da cadela enfermeira Nana. Enquanto a casa dorme, Peter Pan, o menino que não quer crescer, entra sorrateiramente ao quarto das crianças para ouvir as histórias que Wendy conta aos irmãos sobre a Terra do Nunca. Esse prólogo estabelece o tom fantástico do filme e a premissa: Peter é o símbolo da infância eterna, fascinado por histórias e por manter a magia viva.
O Encontro e o Pó de Sininho
Ao perceber que Wendy e os irmãos estão sozinhos (os pais saem para um baile), Peter volta para buscá-los: quer companhia — especialmente de Wendy, que ele vê como uma “mãe” contadora de histórias para os Meninos Perdidos. Peter e sua pequena fada acompanhante (na versão brasileira reconhecida como Sininho, histórica e originalmente chamada Tilim-Tim em parte das dublagens nacionais) ensinam às crianças a maneira de voar: pensar em coisas felizes e deixar que o pó mágico faça o resto. Em seguida, sobrevoam Londres numa sequência de voos noturnos que mistura poesia visual e aventura.
A Chegada à Terra do Nunca
A chegada à Terra do Nunca (Neverland) é tratada como a passagem para um universo imaginário — falésias, lagoa das sereias, florestas e o covil dos piratas. Wendy, João e Miguel ficam maravilhados: conhecem os Meninos Perdidos, um grupo de garotos que vivem em fantasia permanente sob a liderança de Peter, e começam a participar das rotinas e rituais daquele mundo (histórias, brincadeiras, papéis sociais). A sequência mostra tanto o encanto (brincadeiras, irmandade) quanto os perigos que rondam a ilha (piratas, crocodilo).
Os Meninos Perdidos e o Papel de Wendy
Wendy é convidada a assumir o papel de “mãe” para os Meninos Perdidos; ela lê histórias, cospe curativos imaginários e vive o afeto que faltava àquele clã. Vemos os nomes e traços dos Meninos Perdidos (Tootles, Nibs, Curly, Slightly e os Gêmeos — figuras que, na obra e nas adaptações, simbolizam os vários arquétipos infantis). A convivência também acarreta ciúmes: Sininho demonstra ciúme de Wendy por roubar a atenção de Peter, o que alimenta tramas de mal-entendido e perigo.
As Sereias e a Lagoa
Uma das passagens marcantes é a Lagoa das Sereias: criaturas belas e um tanto sedutoras que brincam com Peter e provocam ciúmes e tensão entre as personagens. A cena é construída com forte componente musical e de cor, representando a fascinação pela beleza e o perigo implícito do encantamento. Essa etapa também reforça a ideia de Terra do Nunca como lugar ambíguo — ao mesmo tempo utópico e arriscado.
Tigrinha (Tiger Lily) e o Encontro com os Índios
Outra passagem importante é a aldeia indígena da Terra do Nunca, onde vive Tigrinha (Tiger Lily). No filme, Tigrinha é sequestrada por Capitão Gancho, o que gera um mal-entendido entre os índios e os Meninos Perdidos (os índios acreditam que os Meninos Perdidos são culpados). Peter resgata Tigrinha na cena do Skull Rock (Roca da Caveira) — uma sequência de tensão e heroísmo. Observação: a representação dos “índios” e da personagem Tiger Lily é tema de crítica contemporânea por estereótipos; digo isso porque a cena existe na animação original e aparece como uma sequência significativa (resgate, confronto, reconciliação) mas hoje é vista com ressalvas.
Capitão Gancho e a Ameaça Pirata
O antagonista central é o Capitão Gancho (Captain Hook), que comanda seu barco e sua tripulação de piratas que aterrorizam a ilha. Gancho tem uma obsessão: vingança contra Peter Pan (aquele que lhe cortou a mão e alimentou o crocodilo com ela), e o relógio-tictac do crocodilo é seu terror constante. O contraste entre a elegância teatral de Gancho (teatral, vaidoso) e a irreverência infantil de Peter cria boa parte do conflito: perseguições, emboscadas e a tentativa de sequestrar Wendy e os Meninos Perdidos para ferrar com Peter.
Sequência da Prisão e a Fuga do Navio
Gancho consegue capturar Wendy (em algumas passagens confunde Wendy com uma “menina do lar” que atrai Peter), e prende também alguns Meninos Perdidos. Há cenas de prisão no navio pirata, humilhação pública e estratégias de fuga: Peter conduz planos de resgate noturnos, infiltração e ataques criativos. A animação usa o navio como palco do confronto final entre Peter e Gancho, com sequências de ação, humor e suspense — inclusive o momento em que o crocodilo retorna ao ataque.
O Crocodilo e o Tic-Tac
O crocodilo que havia engolido a mão de Gancho e também um relógio é uma presença ruidosa na narrativa: seu “tic-tac” é o som do perigo que persegue Gancho. O monstro marinho consegue impor ritmo e ameaça quando aparece para perseguir o navio e enfrentar os piratas. É uma imagem recorrente que liga a obsessão de Gancho à fraqueza humana (medo do tempo, medo da perda).
O Confronto Final no Skull Rock
O clímax reúne um plano de resgate no Skull Rock (Roca da Caveira) e a batalha final entre Peter e Capitão Gancho. Peter, com astúcia e coragem, enfrenta Gancho e, na confusão, o crocodilo reaparece — Gancho acaba sendo devorado (ou arrastado) para longe do perigo imediato, e a ameaça termina com uma mistura de humor negro e justiçamento poético. Após o conflito, Peter restaura a ordem na Terra do Nunca e devolve Wendy e os Meninos Perdidos às suas rotinas.
O Retorno a Londres e a Decisão de Wendy
Ao fim, Wendy e os irmãos decidem voltar para casa. Embora Peter convide Wendy para ficar para sempre como a “mãe” dos Meninos Perdidos, ela escolhe crescer — uma escolha consciente que marca a transição da infância. Peter aceita a decisão com resignação e continuou a voar livre pela Terra do Nunca, enquanto Wendy e os irmãos retornam ao lar dos Darling, onde os pais, preocupados, recebem as crianças.
